A cada alvorada algo em mim se apaga
O caminho não foi de tijolos amarelos construido
E o meu vestido já não é cor-de-rosa
Sabias que cheguei cá muito antes de ti?
Sim, o banco onde te sentas fui eu que o construí
Carreguei cada mágoa durante a madrugada
E fiz delas as tábuas com que me protegi
A cada alvorada algo em mim se perde
A terra em que ando descalça magoa-me os pés
Está coberta de pedras trazidas por outras marés
Sabias que todas as flores que nascem no caminho
Fui eu que as plantei, semente a semente
Regadas com as lágrimas dos anos
Que outros barcos levaram na corente
A cada alvorada algo de mim se tolda
Uma seda branca que me abafa e amordaça
Enrolando-me numa rede que me envelhece e descolora
Sabias que já não sou quem tu conheceste?
Deste conta que a areia caiu tantas vezes em vão?
Se antes sabia o que era sem sombra nem dúvida
Hoje tudo não passa duma ampulheta que rodo na minha mão
A cada alvovarada algo em mim se apaga
Liliana Lima
O caminho não foi de tijolos amarelos construido
E o meu vestido já não é cor-de-rosa
Sabias que cheguei cá muito antes de ti?
Sim, o banco onde te sentas fui eu que o construí
Carreguei cada mágoa durante a madrugada
E fiz delas as tábuas com que me protegi
A cada alvorada algo em mim se perde
A terra em que ando descalça magoa-me os pés
Está coberta de pedras trazidas por outras marés
Sabias que todas as flores que nascem no caminho
Fui eu que as plantei, semente a semente
Regadas com as lágrimas dos anos
Que outros barcos levaram na corente
A cada alvorada algo de mim se tolda
Uma seda branca que me abafa e amordaça
Enrolando-me numa rede que me envelhece e descolora
Sabias que já não sou quem tu conheceste?
Deste conta que a areia caiu tantas vezes em vão?
Se antes sabia o que era sem sombra nem dúvida
Hoje tudo não passa duma ampulheta que rodo na minha mão
A cada alvovarada algo em mim se apaga
Liliana Lima